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O uso de testosterona na transição de gênero para homens trans é um tema complexo e multifacetado. A testosterona é fundamental na diferenciação sexual e no desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas.

Estudos indicam que níveis mais altos de testosterona em homens podem resultar em diferenças de gênero no comportamento e cognição, influenciando escolhas de carreira e aversão ao risco. Além disso, a testosterona pode impactar a impulsividade em homens trans, sendo essencial para a obtenção de características fenotípicas masculinas em indivíduos com disforia de gênero.

No contexto da transição de gênero, a terapia com testosterona é comumente usada para promover o desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas desejadas. Para os homens trans, a terapia hormonal de afirmação de gênero geralmente consiste na administração de testosterona. Estudos mostram que a terapia com testosterona está associada à redução da disforia de gênero e melhora da saúde mental em indivíduos trans.

Efeitos Colaterais

No entanto, é importante levar em conta os potenciais efeitos adversos e complicações associadas ao uso de testosterona. A administração de testosterona em homens trans pode causar mudanças fisiológicas significativas, como aumento da contagem de glóbulos vermelhos e risco de eritrocitose. Por isso, é essencial monitorar de perto os níveis de hematócrito durante o tratamento com testosterona para evitar complicações. A interrupção abrupta da terapia hormonal pode ter consequências adversas, incluindo piora da incongruência de gênero, humor e níveis de energia.

Outras questões a considerar ao usar testosterona na transição de gênero incluem os efeitos sobre a saúde óssea e o metabolismo. Estudos indicam que a terapia com testosterona pode ter um impacto significativo na densidade mineral óssea em homens trans, ressaltando a importância da monitorização da saúde óssea durante o tratamento. Além disso, a terapia com testosterona pode afetar o metabolismo das células vermelhas do sangue, embora o status do GnRHa não pareça ter um impacto significativo no metabolismo dessas células durante o tratamento com testosterona.

Conclusão

Em resumo, o uso de testosterona na transição de gênero para homens trans é uma prática comum e eficaz para promover a expressão de gênero desejada e o desenvolvimento de características sexuais secundárias masculinas. No entanto, é fundamental considerar os potenciais efeitos adversos, como eritrocitose e impacto na saúde óssea, e monitorar de perto os pacientes durante o tratamento para assegurar a segurança e eficácia da terapia hormonal.

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